De dentro pra fora. De fora pra dentro.

De dentro pra fora. De fora pra dentro.

Concordo, a internet é um inferno! Redes sociais e sites de pesquisas são os maiores usurpadores de horas mortas (ou não) que conheço.
Perdemos tempo, mulher, amigos, emprego, mas não largamos a maledeta.
E se ela é a cachaça de nossos dias, eu vivo em dose dupla.
Não largo d’uma, nem de outra.

É um vício: enquanto escrevo olho para os quatro cantos da tela em busca daquele email, do amigo que está online ou se curtiram a foto que compartilhei.
Sem contar com a busca de respostas nos oráculos que tudo sabem e nada escondem. E essa profusão de informação me deixa mais louco que o Chaves.

Começo a pesquisa com um objetivo muito claro e minutos, horas depois já perdi o foco e entro por caminhos que me levam a resultados dos mais inusitados possíveis.
Em meu post desta semana, por exemplo, a ideia era falar da importância da porta de entrada numa casa. Você verá a seguir que acabei nas igrejas góticas.

Andanças

Em minhas andanças, não me pergunte como, dei de cara com uma igrejinha linda, toda feita com pedaços de ferro sobrepostos que deixam vazar a luz do sol e a paisagem da região flamenga de Limburg. Ela, na verdade, faz parte de um projeto chamado Z-OUT, um programa de arte em espaços públicos, naquela região.

Os arquitetos belgas Pieterjan Gijs Van e Arnout Vaerenbergh, envolvidos no projeto, criaram uma igreja semi-transparente em Borgloon. Ela é composta de 100 folhas finas empilhadas com 2.000 “tijolos” e chegam a 10 metros de altura.
Com esses espaçamentos entre as folhas a igreja se apresenta delicadamente presente e ausente.

A obra me lembrou na hora das catedrais góticas da idade média e vi logo depois que os arquitetos homenagearam as muitas igrejas desse tipo implantadas na região.
Se a luz na catedral gótica convidava a olhar para o alto e a entrar em contato com a fé e a espiritualidade, aqui os artistas levam quem está dentro da nave a contemplar e consagrar a natureza, assim como faziam os druidas em seus rituais nas florestas.

Quando completar minha pesquisa sobre portas de entrada, compartilho com vocês.

Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa