Munari, posso?

Numa das feiras do design de mobiliário que acontece anualmente em Milão houve uma homenagem ao grande designer Bruno Munari. Fiquei sabendo à época que foi ele o invertor das sacolas plásticas que hoje usamos em supermercado e são, com razão, execradas por quem se preocupa o mínimo com a sustentabilidade em nosso mundo.

Claro que não havia essa preocupação nos anos 1960 e 1970 e o design de Munari foi amplamente utilizado por sua incrível praticidade e simplicidade.

Ele era o cara da simplicidade. Chamado a desenhar o cardápio de um restaurante ele se saiu com essa: garfos que assumindo gestual humano pede carona, permissão, paz e num gesto mais ousado manda tomar…sopa! Já que isso não é assunto pra garfo.

Volto pra casa com meu livro de Munari embaixo do braço e gratificado de ter entrado em contato com esse personagem tão inventivo.

Se por gratidão ou por inveja não sei, mas rendo minha homenagem a ele. Com um alicate começo a dar gestos aos ‘dedos’ dos velhos garfos. Fixo todos numa cartolina colorida e numa caligrafia especial feita por um amigo diretor de arte dou crédito ao verdadeiro artista.

Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa